O ciúme está ligado à posse, querer ser dona do outro, vigiar os passos da outra pessoa. E tudo isso simplesmente pelo medo de perder a pessoa, ou ser abandonada, ou de ficar sozinha. Todos esses medos acabam tornando a pessoa insegura em relação a si mesma, e incapaz, afinal, qualquer pessoa seria mais atraente do que ela mesma.
O que mais queremos quando completamos 18 anos é a nossa liberdade. E depois, quando nos tornamos adultos, encontramos alguém e decidimos ter um relacionamento sério, nós queremos continuar livres. E esse ser livre não quer dizer ficar com outras pessoas, e sim, ter uma vida livre de poder fazer o que quiser, sempre com bom senso e respeitando a pessoa que voce escolheu compartilhar a vida.
Quando a pessoa é ciumenta e começa a querer controlar a outra pessoa, normalmente o relacionamento fica desgastado e, aquilo que a pessoa ciumenta mais temia, acaba acontecendo, o fim do relacionamento.
Algumas possíveis causas do ciúme:
1. O ciúme vem da falta de capacidade, ou seja, a falta de confiança e baixa autoestima. Você sempre pensa que os outros são melhores do que voce, que seu parceiro pode te trocar por qualquer pessoa que aparecer. Você talvez não confia na sua capacidade ou então não se aceita, e isso acaba trazendo a ilusão de que todas são melhores, menos você.
2. Talvez essa insegurança vem do medo do abandono. Quando somos crianças, nós sentimos isso em determinados momentos e o nosso medo do abandono é ativado, e por que? Pelo nosso instinto de sobrevivência, nós precisamos dos nossos pais para a nossa sobrevivência física e psicológica. Só que muitos adultos crescem com esse medo, e com a necessidade de ter alguém para cuidar de si. Mas eu estou aqui para te dizer que você é adulta e você é capaz de sobreviver sozinha, e você pode cuidar de você mesma, sem ter a necessidade do outro.
3. Talvez exista uma necessidade de dominar e controlar o outro. Busque identificar o seu desejo de machucar e de ser dono do outro. Identifique sua vontade de fazer dele um escravo que satisfaz suas exigências e expectativas. Identifique o seu desejo de tirar a liberdade do outro. Por outro lado, identifique sua carência, seu sentimento de impotência, que torna você tão ciumenta e possessiva.
4. Talvez voce também tenha a necessidade de que o outro sinta ciúme para que você se sinta mais segura.
Amar é ser livre, gostar de alguém não é aprisionar alguém. A mulher ciumenta tenta aprisionar alguém, não porque ela quer aprisionar, mas porque ela está presa em si mesma, na autoimagem que ele tem de si de menos valia.
Reuni trechos do livro “Amar e Ser Livre” do Sri Prem Baba, onde ele cita as fases do desenvolvimento da consciência e evolução. Texto adaptado por mim:
- A pessoa sabe que sente ciúmes, e acha que é assim e que não pode mudar. Às vezes, ela sente raiva por ser assim, mas como ela acredita ser isso, simplesmente sofre (julga-se, condena-se, pune-se), pois acredita não poder fazer nada para mudar e se julga por “sou ciumenta”.
- Essa fase se inicia quando a pessoa começa a perceber que ela não é aquele impulso inconsciente. Ela percebe que o impulso passa por ela, mas não é a sua realidade final — ela sabe que aquilo vai passar. Ela começa a perceber que a chave é ampliar a percepção. Neste estágio, já é possível perceber que os impulsos do ciúme são como nuvens que passa.
- No terceiro estágio, a pessoa já pode fazer uso de um privilégio divino: a escolha. Ela descobre que pode fazer diferente, então, escolhe não cair no mesmo buraco, por maior que seja o poder de atração dele. Até porque, neste ponto, a pessoa já teve a oportunidade de compreender a relação de causa e efeito, de compreender sua história e de crescer em autorresponsabilidade. Essa fase começa a acontecer quando a pessoa começa a se autoconhecer e aprende a lidar com suas emoções.
- Finalmente, o quarto estágio é a integração desses impulsos, o que significa que não sentimos mais atração por aquela repetição negativa. A energia é transformada: o medo se transforma em confiança, primeiro, nela mesma e depois no parceiro.
E você qual fase você está? Eu tenho certeza que você está no caminho certo, porque o primeiro passo é justamente reconhecer o seu ciúme. Você só pode transformar o que já conhece. Ao reconhecer que está na escuridão, você acende a luz. E quando você acende uma luz, a escuridão desaparece.
Não há como lutar contra o ciúme, assim como não há como lutar contra a inveja, o medo, a raiva… Porque a escuridão não tem existência própria; ela é somente a ausência da luz. O ciúme é uma expressão da escuridão. Então, o que você pode fazer é aumentar sua percepção a ponto de iluminar a compreensão e ver a insensatez do ciúme; a ponto de perceber quão sem sentido é atuar nele. Mas antes de chegar nesse estágio de ampliar a percepção para poder iluminar essa escuridão, você talvez precise conhecê-lo melhor.
Compreenda que o ciúme não tem absolutamente nada a ver com o outro; ele tem a ver somente com você. Por mais que tudo conspire a favor dessa crença de que o outro é responsável pelo ciúme; isso é uma ilusão, pois o ciúme é pessoal e nasce da sua insegurança. Ele nasce pelo fato de você não confiar em si mesmo.
O ciúme se alimenta desses sentimentos negativos. Existem situações em que o ciúme fantasia uma série de coisas para continuar repetindo o drama. Muitas vezes, nada está acontecendo, mas voce precisa acreditar que está sendo abandonada, trocada e traída, porque esses sentimentos trazem um senso de identidade. Quanto maior o ciúme, maior é o sentimento de impotência que você carrega. E quanto maior o sentimento de impotência, maior a necessidade de conhecer os aspectos da sua personalidade que estão trancados em negação. Então, permita-se conhecer esses aspectos — abra-se para o autoconhecimento
Se você já conhece o ciúme e suas raízes e não consegue dominar o vício de sentir ciúme (porque ele te vicia em acreditar que você está sendo abandonado, trocado e enganado), o seu trabalho é começar a ampliar a percepção dos fatos. Mantenha a presença e, na medida em que a consciência vai expandindo, você começa a ver a estupidez do ciúme. Aos poucos você cansa, assim como uma criança que já brincou o suficiente com o brinquedo
Viva um amor de verdade, afinal, amar é ser livre. Posse e controle não faz parte do amor.
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Com amor,
Marselha Palermo